Sorte ou azar? Sim e nãoValdo Barcelos Quero agradecer aos leitores (as) dessa coluna, pois, a partir da próxima semana, estarei às segundas-feiras na página Plural escrevendo sobre educação. Com frequência, escutamos alguém dizer: que sujeito de sorte aquele. O jornalista esportivo, compositor e radialista Antonio Maria (1921-1964), foi um criador de frases que ficaram célebres na década de 1950 do século passado. Em especial no meio esportivo, mas não só. Uma delas foi: "goleiro pra ser bom tem que ter sorte". Logo em seguida acrescentava: "mas sorte apenas não basta. Tem que treinar muito". Por isso que, à pergunta que dá título a essa coluna, respondo sim e não. A primeira, reação se me perguntarem se sou um sujeito de sorte é: sim! Vou dar apenas um exemplo. Só estou aqui escrevendo essa coluna por que o helicóptero que levaria de volta para Brasília um certo general presidente da República na década de 1970 teve uma pane ao decolar e precisou voltar ao solo. Acontece que, naquela pequena base aérea, só tinha outro helicóptero que podia ser utilizado. O presidente e seus seguranças foram transferidos para o outro helicóptero e foram todos dormir em casa. Acontece que aquele helicóptero estava reservado para fazer uma viajem para alto mar para onde levaria três prisioneiros da ditadura militar para serem jogados ao mar. Para quem não sabe, essa era uma das formas utilizada pelas ditaduras militares em alguns países da América Latina para se livrarem dos corpos de prisioneiros políticos (assassinados sob tortura). Prisioneiros que não falaram, que não tinham mais nada a dizer ou que não disseram nada por que não tinham o que dizer. Também eram jogados ao mar corpos daqueles que não resistiam à tortura e morriam. Era o que chamavam de "efeito colateral". Um dos casos desse tipo de "acidente" que veio a público foi o que levou à morte, o jornalista Vladimir Herzog, (1937-1975). Vlado se apresentou voluntariamente para depor nas dependências do Destacamento de Operações de Informação - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-CODI). Em consequência de processo aberto pela família Herzog, o Estado brasileiro foi condenado por sentença judicial como responsável pela prisão, tortura e morte do jornalista. Volto ao título da coluna para dizer que, no outro dia pela manhã, um jovem coronel acorda em São Paulo e decide - vai saber por que cargas d'água - ter mais uma "conversa" com aqueles três prisioneiros. Foram colocados no helicóptero e levados para uma das masmorras de tortura em São Paulo. Sujeitos de sorte. Será? A biografia de Antonio Maria, escrita por Joaquim Ferreira dos Santos, se intitula: Um homem chamado Maria. Recomendo. |
O poder eleitoral das redes sociaisRony Pillar Cavalli style="width: 25%; float: right;" data-filename="retriever"> O mundo deu-se conta da força do "ciberativismo" a partir de 18 de dezembro de 2010 com o desencadeamento de uma série de protestos no Oriente Médio que ficou conhecido como Primavera Árabe. Estes protestos foram alicerçados nas redes sociais, as quais desempenharam papel decisivo nos protestos compartilhando técnicas de resistência civil em campanhas que envolveram greves, manifestações, passeatas e comícios, tudo com ajuda do uso das mídias sociais como Facebook, Twiter e YouTube. As redes sociais desempenharam papel avassalador como instrumento de tentativa de implementação de preceitos democráticos em países capitaneados por ditadores que se perpetuavam no poder há décadas. Como parte do resultado imediato da contemporânea revolução, três chefes de estado renunciaram: O Presidente da Tunísia, Zine El Abidine Bem Ali, fugiu para a Arábia Saudita em 14/01/11; no Egito, o presidente Hosni Mubarak renunciou em 11/02/11, após 18 dias de protestos seguidos, pondo fim ao seu mandato que já durava 30 anos; na Líbia, o presidente Muammar al-Gadaffi foi morto após ser capturado por rebeldes, tendo chegado ao fim seu mandato que já durava 42 anos. O efeito dominó espalhou-se por toda a região e, em razão disto, vários líderes anunciaram seu desejo de renunciarem. O presidente do Iêmen, Ali Abdullah Saleh anunciou que não iria concorrer à reeleição em 2013, terminando seu mandato de 35 anos. O presidente do Sudão, Omar al-Bashir também anunciou que não tentaria se reeleger em 2015, assim como o premiê iraquiano Nouri al-Maliki pôs fim ao seu poder em 2014. No ocidente, mais especificamente na América, as redes sociais elegeram Donald Trump, assim como forças antagônicas ao republicano, dando-se conta de sua força nas redes, tentam calá-lo a qualquer custo. No Brasil, o Presidente Jair Bolsonaro foi eleito com estratégia toda traçada nas redes sociais e, para a eleição de 2022, oposição e até mesmo a imprensa tradicional admitem que nenhum dos seus adversários chega perto de sua força nas redes sociais. Há que se considerar que ninguém segue qualquer celebridade, seja da cultura ou da política, de maneira forçada. O seguidor segue o perfil de quem admira por sua livre e espontânea vontade. Desta forma, tendo o Presidente cerca de 42 milhões de seguidores, não é conclusão fora do razoável computar a ele, de pronto, que já parte de 42 milhões de votos. Todos os demais presidenciáveis somados possuem cerca de 26 milhões de seguidores. Não é por outro motivo que a desacreditada mídia tradicional acusa praticamente tudo que circula nas redes sociais de "fake News", em tentativa desesperada de desacreditar canais conservadores e recuperar a sua hegemonia e seu monopólio da verdade de outrora.
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